A dor da perda é um sentimento que reúne tantos outros e também algumas emoções. Pode-se dizer que esse sentimento ambíguo e misterioso não se restringe à morte física, que é mais intensa, profunda e, muitas vezes, dilacerante.

Ela se manifesta em diversas situações, como a perda de um amor, de um emprego, de um amigo ou até mesmo de um parente com quem temos afinidades.

Muito embora saibamos que tudo é passageiro e cíclico, perder alguém ou algo importante pode ser tão desafiador quanto enfrentar a morte física.

O sentimento de não falar mais com uma pessoa querida, de não passar novamente por aquela rua ou por um caminho especial ou de deixar uma situação inacabada pode ser angustiante.

O Tempo de Aceitação

O tempo necessário para entender, aceitar e desapegar pode variar de pessoa para pessoa. Até conseguirmos colocar toda a experiência vivida em um lugar digno e amoroso em nossos corações, a tristeza pode ser uma companhia constante.

No ato da liberação, torcemos e, muitas vezes, rezamos para que aquela pessoa receba todas as bênçãos da vida.

Da mesma forma, quando somos nós que partimos e deixamos pessoas sofrendo, sentimos essa dor igualmente.

A perda pode gerar dúvidas, medos e, em alguns casos, uma verdadeira paralisação emocional.

A Perda Como Caminho de Mão Dupla

A perda é um caminho de mão dupla, onde alguns sentimentos são negligenciados para que não soframos além do que permitimos. É como se acreditássemos ingenuamente que há um prazo determinado para o sofrimento.

No luto causado pela morte física, a dor só começa a se acomodar a partir do segundo ano após a perda.

A partir desse momento, o prazo para a total aceitação varia conforme cada indivíduo, pois as fases do luto — negação, raiva, barganha, depressão e aceitação — ocorrem de forma única para cada pessoa, tanto no tempo interno quanto na intensidade.

Já na perda não física das pessoas, essas fases podem ser substituídas por outras emoções. Se uma situação não teve um fechamento ou conclusão, a dúvida e a insegurança podem surgir e precisar ser resolvidas individualmente, sem que os envolvidos sequer saibam disso.

E, dessa maneira, as pessoas acabam deixando de fazer parte de nossas vidas, seguindo seus próprios caminhos.

O Fechamento dos Ciclos

Vamos refletir para que nada fique inacabado, sempre que possível.

Ao mesmo tempo, devemos compreender que não podemos insistir ou impor absolutamente nada.

Mas o que é a vida senão o prazer de saber que deixamos flores no caminho e no coração do outro, assim como gostamos de sentir que o outro deixou as suas em nosso coração?

Dessa forma, cultivamos boas lembranças e histórias significativas para contar, pois os ciclos foram fechados com honra, respeito e gratidão — por nós, pelo outro e pela troca que existiu.

Saibamos, então, cultivar boas relações e honrar os momentos vividos!